Em 2009 a Associação Portuguesa de Antropologia celebra o seu vigésimo aniversário com a realização do IV Congresso da APA, subordinado ao tema Classificar o Mundo. Entendemos que este tema nos permite abordar tanto o que a antropologia faz como o que a antropologia estuda.
O acto de classificar está implícito na construção de grandes categorias de identificação e diferenciação sociocultural que têm acompanhado a reflexão da nossa disciplina. Ao mesmo tempo, classificar – objectos, conceitos e relações – é também um objecto de reflexão antropológica sobre processos sociais e culturais, políticos e cognitivos de entendimento do mundo. Assim, a partir deste tema propomos uma reflexão sobre a construção de categorizações que tanto são discriminatórias e desencadeiam a desigualdade como promovem a solidariedade e o comprometimento. O tema remete-nos, assim, para os processos de classificação categorial e de alteridade, mas também e em última instância faz-nos pensar nos espartilhos da condição humana, nos paradoxos e desajustes da história e nos processos de criação das pessoas no mundo. Desta forma, propomos uma reflexão tanto sobre os processos culturais de comunicação como sobre a forma como tais processos ocorrem através da construção do mundo.
Neste congresso poderemos tomar em consideração a relevância contemporânea deste tema antropológico clássico. Relembrando um dos debates fundadores da antropologia – a problemática do totemismo, por exemplo – queremos hoje igualmente reactivar a discussão sobre as condições de diferenciação humana, sobre as políticas de discriminação étnica, de género, de circulação de pessoas, de fechamento de fronteiras e abertura do mercado, sobre a mobilidade humana e ainda sobre os grandes divisores de sistemas sociais e cognitivos. Por isso podemos dizer que classificar o mundo implica, igualmente, reflectir sobre as condições de produção do conhecimento antropológico, tais como o universalismo e o particularismo, a comparação e a construção de categorias de entendimento da vida e do poder. Ficam aqui múltiplas sugestões para o debate. Afinal, como se ordena o mundo e como se torna essa ordenação num processo de conquista, escondendo programas sociais e políticos sob princípios de diferenciação?
Neste ano comemorativo do vigésimo aniversário da APA, apelamos de forma particularmente veemente para a sempre dinâmica participação dos nossos sócios no congresso. Partindo do desafio deixado pelo tema do congresso, enviem-nos desde já propostas para painéis temáticos. Queremos fazer deste congresso um evento celebratório da antropologia em Portugal (do texto de apresentação do Congresso).
Leia o lançamento do tema do Congresso, pela presidente Susana Matos Viegas, aqui.
Comissão Executiva
Antónia Pedroso de Lima (ISCTE/CRIA); Clara Carvalho (ISCTE/CEA); Clara Saraiva (Un. Nova de Lisboa/CRIA; IICT); Fernando Florêncio (Un. Coimbra/CRIA); Filipe Reis (ISCTE/CRIA); Humberto Martins (UTAD/CRIA); Irene Rodrigues (ISCSP); João Vasconcelos (ICS, UL); Paulo Mendes (UTAD/CRIA); Ruy Blanes (Direcção APA/Bolseiro FCT ICS/Leiden); Sónia Vespeira de Almeida (Un. Nova de Lisboa/CRIA); Susana Durão (ICS, UL); Susana Matos Viegas (Presidente APA/ICS).
Comissão de Programa
Susana Matos Viegas (Presidente da APA); João Pina Cabral (Vice-Presidente da APA); Jean-Yves Durand (Secretário da Direcção da APA); Ruy Blanes (Tesoureiro da Direcção da APA); Catarina Frois (CRIA).
Programa Diário IV Congresso da APA
9 de Setembro 2009, Sexta-feira
Registo
ÁTRIO ENTRADA DO ISCTE- Balcão de Registo e Secretariado A partir das 8:30
Sessão de abertura
GRANDE AUDITÓRIO do ISCTE 9.45 – 10.00h
Com a presença da Direcção da APA; o Presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia, Prof. João Sentieiro; a Vice-Presidente da mesma fundação, Profa Lígia Amâncio; o Presidente da Associação Brasileira de Antropologia, Prof. Carlos Caroso; o Representante do Conselho Mundial de Associações de Antropologia, Prof. John Gledhill; o Presidente do Instituto Universitário de Lisboa /ISCTE, Prof. Luís Reto; o Presidente do Conselho Directivo do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Prof. José Manuel Rolo e o representante do Presidente do Conselho Científico da mesma instituição, o Prof. José Machado Pais.
Lançamento do tema do congresso (10 – 10.30h). Susana de Matos Viegas, Presidente da APA
Conferência Inaugural (10.30 – 11h)
- Os dois países de Benjamin Enes Pereira – Uma homenagem. João Leal, FCSH-UNL/CRIA.
Painéis Temáticos (11.30 – 13.30h).
Lançamento de Livros (SALA POLIVALENTE – ICS).
Sessão 1: 13.30.
Sessão 2: 14.30h.
Painéis Temáticos (15.30 – 17.30h).
Sessão Plenária I – Estrutura e transformação
GRANDE AUDITÓRIO do ISCTE (18 – 20h).
Moderação: Susana de Matos Viegas, ICS–UL, Presidente da APA.
Lévi-Strauss’ ‘double twist’ and controlled comparison: Transformational relations between neighbouring societies. Peter Gow (Universidade de St.Andrews, Escócia/UK).
História, Conflito e Reforma Social: A Estrutura da Ação Transformadora na Amazônia Indígena. Carlos Fausto (PPGAS, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Incredible India. Da aldeia ao mundo: trajectos etnográficos. Rosa Maria Perez (ISCTE – IUL/CRIA).
Encontros Curtos (20.15 – 21h).
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10 de Setembro 2009, Sexta-feira
Painéis Temáticos (9.00 – 11.00h 11.30 – 13.30h)
Festival de Filme Antropológico da APA (SALA B2.03, 2o Andar ISCTE).
Sessão 1: 9.00 – 11.00h.
Sessão 2: 11.30 – 13.30h.
Lançamento de Livros (SALA POLIVALENTE – ICS).
Sessão 1: 13.30
Sessão 2: 14.30h
Painéis Temáticos (15.30 – 17.30h).
Festival de Filme Antropológico da APA (SALA B2.03, 2o Andar ISCTE).
Sessão 3: 15.30 – 17.30h.
Sessão Plenária II – Lógicas de Poder
GRANDE AUDITÓRIO do ISCTE (18 – 20h).
Moderação: Jean-Yves Durand, Direcção APA, U. do Minho – CRIA.
- Ser mas não ser, eis a questão. O problema persistente do essencialismo estratégico. Miguel Vale de Almeida (ISCTE e CRIA).
- El poder de cambio y el trabajo de responsabilidad: memoria, filiación y verdad. Susana Narotzky (Universidade de Barcelona).
- As moedas imaginárias e os mercados haitianos. Ideias preliminares sobre moedas, transações e estados nacionais. Federico Neiburg (NuCEC/PPGAS, Museu Nacional, UFRJ).
Sessão de Cinema: Homenagem a Benjamim Enes Pereira (GRANDE AUDITÓRIO do ISCTE)
Apresentação de Catarina Alves Costa, com a presença de Benjamim Enes Pereira (Apoio do Museu Nacional de Etnologia)
- Olaria primitiva. Malhada Sorda, 1970, 14 min.
- Dança das virgens. Lousa, 1962, 7 min.
- Linho-planta (excerto de O ciclo do linho), 1978, 25 min.
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11 de Setembro 2009, Sexta-feira
Painéis Temáticos (9.00 – 11.00h 11.30 – 13.30h).
Festival de Filme Antropológico da APA (SALA B2.03, 2o Andar ISCTE)
Sessão 1: 9.00 – 11.00h
Sessão 2: 11.30 – 13.30h
Lançamento de Livros (SALA POLIVALENTE – ICS).
Sessão 1: 13.30.
Sessão 2: 14.30h.
Painéis Temáticos (15.30 – 17.30h).
Festival de Filme Antropológico da APA (SALA B2.03, 2o Andar ISCTE)
Sessão 3: 15.30 – 17.30h.
Sessão Plenária III – Livre arbítrio
GRANDE AUDITÓRIO do ISCTE (18h – 19.30h).
Moderação e Introdução: João de Pina-Cabral, Vice-Presidente APA, ICS – UL.
- Destino, resistência, agência humana: um comentário em torno do livre-arbítrio. José Manuel Sobral, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
- Sobre a liberdade e a responsabilidade humanas: questões persistentes. Ignasi Terrades i Saborit, Universidade de Barcelona.
Sessão de Encerramento e Entrega dos prémios do Festival de Cinema (GRANDE AUDITÓRIO do ISCTE, 19.45- 20.15).
Festa do Congresso com Ceia.
SANTIAGO ALQUIMISTA (22.30).
Patrocínios
FCT
ICS-UL
FCSH-UNL
CRIA
ISCTE-IUL
Pingo Doce.
O livro de resumos completos está disponível aqui: Livro de Resumos do Congresso Classificar o Mundo_APA 2009